9 de abr. de 2019

Serie sobre Nossa Mãe Rainha 8 - Maria ao pé da cruz

Maria ao pé da cruz 






É ali quando Maria será verdadeiramente importante. Então descerá sobre ela uma palavra dedicada ao seu mais íntimo coração de mãe, que se verá misteriosamente ampliado.

Se Cristo escolheu a vocação de sofrer e morrer pela salvação do mundo, é claro que quantos, ao longo dos séculos, que estiverem unidos a Ele por amor, terão que aceitar cada um em sua função, essa mesma vocação de morrer e sofrer por essa salvação. E, se um membro de Cristo, foge dessa função, falta algo, não só a esse membro, mas, como explicaria São Paulo, também a própria paixão de Cristo. Porque sua paixão pede ser prolongada na compaixão co-redentora de todos os membros de Cristo. Este é o misterioso sentido da frase de São Paulo aos colossenses: “O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja” (1 24).

Aquele pequeno grupo ao pé da cruz, aquela Igreja nascente, estava, pois, aí por algo mais que por simples razões sentimentais. Estava unida a Jesus, não só a suas dores, mas também a sua missão.

E, nesta Igreja, Maria tem um lugar único. Até então este lugar e esta missão haviam permanecido como na penumbra. Agora na cruz se aclararão para a eternidade.
Esta é a hora, este o momento em que Maria ocupa seu papel com pleno direito na obra redentora de Jesus. E entra na missão de seu filho com o mesmo cargo que teve em sua origem: o de mãe.

É evidente que, na cruz, Jesus fez muito mais que preocupar-se pelo futuro material de sua mãe, deixando nas mãos de João seu cuidado. A importância do momento, o jogo das frases, bastaria para descobrir que estamos diante de uma realidade mais profunda.

Se fosse apenas uma encomenda apenas material seria lógico o “eis aí teu filho”.
Maria ficava sem filho, era-lhe dado um novo. Mas, porque o “eis aí tua mãe”? João não apenas tinha mãe, Também estava ali presente. Para que dar-lhe uma nova?

É claro que se tratava de uma maternidade diferente. E também João não é ali somente o filho de Zebedeu, mas algo maior. Desde a antiguidade, os cristãos têm visto em João toda a humanidade representada e, mais concretamente, a Igreja nascente. É a esta Igreja e a esta humanidade a quem se dá uma mãe espiritual. É esta Virgem, envelhecida pelos anos e pelas dores, que, repentinamente, volta a sentir seu seio cheio de fecundidade.




Esse é o grande legado que Cristo concede desde a cruz para a humanidade. Essa é a grande tarefa que, na hora da grande verdade, é encomendada a Maria. É como uma segunda anunciação. Faz trinta anos - ela o recorda bem - um anjo a convidou para ser a mãe de Deus. Agora, não mais um anjo, mas seu próprio filho lhe anuncia uma tarefa mais difícil: receber como filhos de sua alma aos assassinos de seu primogênito.

E ela aceita. Aceitou já há trinta anos, quando disse aquele “fiat”, que era uma total entrega nas mãos da vontade de Deus. Daí que o olor a sangue do Calvário comece estranhamente a ter um sabor de recém nascido. Daí que seja difícil saber se agora é mais o que morre ou o que nasce. Daí que não saibamos se estamos assistindo a uma agonia ou a um parto. Há tanto olor a mãe e engendramento nesta dramática tarde...!
Perguntas para a reflexão


  1. Sinto Maria como minha mãe?
  2. Como imagino a Maria ao pé da cruz?
  3. O que me diz a frase "eis aí teu filho"?
Reflexões Pe. Nicolas S.

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