27 de set. de 2020

NÃO TEMAM, VENÇAMOS O MEDO COM O AMOR

 NÃO TEMAM, VENÇAMOS O MEDO COM O AMOR


Queridos amigos e amigas

Fala-se nestes dias que tendo como pano de fundo a situação no nosso país, no mundo e nas nossas vidas pessoais deveríamos ter medo.  Diante de tanta fragilidade e insegurança deveríamos estar medrosos e acobardados.  Vamos falar sobre isso.


O medo ha estado presente na história da humanidade desde os tempos bíblicos.


Interessante que na Sagrada Escritura o tema esta muito presente. O tema do medo aparece segundo minhas pesquisas, posso errar, dezenas de vezes.  O mesmo Jesus fala a seus amigos: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo! (Marcos 6, 45-52).

E hoje: Será que temos medo? Devemos ter medo? E se temos medo que temos que fazer?


Eu acho que seria prudente confrontar o mundo com todas suas falências e agressões como um motivo para estar alertas e preocupados mas sem angustia senão vamos perder o foco e a energia para buscar e tentar soluções.  Não vamos ter nunca todas as soluções para todos os problemas mas podemos resolver muitos com uma atitude enérgica, disposta, profética e corajosa.


Estamos cientes dos problemas do mundo. Não somos ingênuos. Nos, não vivemos dentro duma redoma de cristal. Não.   Estamos num mundo que sofre. Sofre a rejeição de Deus, as injustiças, a guerra, a violência, a perda da dignidade da pessoa humana, os sem abrigo, a confusão de género, a desconfiança nos nossos líderes políticos, as questões dentro da Igreja, a crise na família, o stress económico, a falta de emprego, as situações de saúde e os receios que enfrentamos nas nossas próprias vidas pessoais. Na verdade, conhecemos o medo. Sim, sabemos das exigências e desafios do nosso tempo.


No amor não há temor

Na Primera carta de João 4, 18-19, há uma frase muito eloquente sobre este tema que diz: 

"No amor não há temor. Antes, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é perfeito no amor. Mas amamos, porque Deus nos amou primeiro." 

Que significa essa afirmação de João? Significa que nos não fomos criados por Deus para viver com medo. Mas no seu amor e misericórdia! A fim de sermos livres e alegres!


O medo é a barreira que nos afasta do tipo de fé que irá mudar as nossas vidas, e de nossas familias, as nossas relações e até mesmo o nosso futuro como Igreja! Mas o medo não é a nossa única escolha.

Podemos escolher a fé, a confiança que é mais forte do que o medo. Podemos escolher o amor, que é mais forte do que a cobardia. Podemos escolher uma vida na força da Aliança , que é muito mais forte do que a ansiedade e a angustia.


O medo aprisiona, o amor liberta; o medo paralisa, o amor fortalece; o medo desanima, o amor encoraja; o medo adoece, o amor cura; o medo torna inútil, o amor torna útil;


O medo coloca a desesperança no coração da vida, o amor rejubila em Deus.


Era disso que João falava na sua carta quando, muito depois da Ressurreição e muito depois de Pentecostes, escreveu estas palavras poderosas: "Não há medo no amor, pois o amor perfeito expulsa todo o medo". (1Jn 4,18)


Nossa missão é o amor

Eu acho que temos que fazer a escolha correta e sem duvidar. Temos que tomar a Palavra de Deus no seu verdadeiro sentido. Nossa missão  é amar, é o amor. 

Não importa o medo que enfrentamos ou os desafios que achamos no caminho da vida, sempre vamos ouvir Deus sussurrar: "Eu estou convosco. Podeis fazê-lo. Não desistas”.


Vamos juntos descobrir o poder do amor de Deus nas nossas vidas.


Significado desta missão de amor


Reconhecer que Deus é um Deus do Amor

Significa que o primeiro passo que devemos dar é reconhecer que Deus Pai é um Pai de Amor infinito, que crio tudo por amor, faz tudo por amor, conduz a história da humanidade com amor com o único objeto de amar porque ele mesmo é amor e misericordia. 

Significa que quando estivermos abrigados no coração amoroso e misericordioso do Pai, não teremos medo.  Este é o único lugar onde encontramos o repouso e a segurança de que necessitamos para dominar todos os desafios da vida quotidiana.

Ficar seguro no amor do Pai é como estar na paz no olho do furacão. Aí se está seguro porque ali se encontra a calma, mesmo quando todos à sua volta estão em grande destruição. 

Nosso Fundador viveu ao longo de sua vida no olho do furacão ou na beira do vulcão mas sua segurança  foi a sua fé inabalável na Providência amorosa de Deus. 


Para todos os que estão em risco nas tempestades modernas da vida e procuram apoio, a vida e os ensinamentos do Padre Kentenich podem ser um caminho para confrontar com sucesso o "olho do furacão”. No coração amoroso de Deus não há medo"!


Amar aos outros

Em segundo lugar essa missão de amor vai significar que eu debo proclamar e transmitir aos demais esse amor que recebo de Deus Amor.  Como? Com minhas obras boas de cada dia, obras maiores, medidas e pequenas. O amor verdadeiro se valida nas obras assim como a fe.  Uma fe sem obras é uma fe morta.  O amor sem obras, sem gestos concretos está vazio.  Como vamos a proclamar o amor misericordioso de Deus e ultrapassar assim os medos de hoje?

Construindo uma família feliz, saudável, acolhedora,

Construindo comunidade fraterna e amigável,

Melhorando nossos relacionamentos e vínculos com agradecimento e perdão,

Praticado a solidariedade com os mais necessitados,

Promovendo a paz e o entendimento entre as pessoas,

Assistindo ao doente,

Rezando pelos outros

Fazendo meu trabalho extraordinariamente bem,

Rejeitando toda forma de corrupção,

Ajudando a Igreja para seja mais alma do mundo

Levando a Jesu Cristo, Luz do mundo aos irmãos e irmãs na Fe,

Mostrando através de meu testemunho Maria como modelo de cristão e fe, sem medo, sem temor nenhum.


Vençamos o medo com o  amor


O amor deve tornar-se também a motivação básica das nossas vidas. Tudo o que fazemos e empreendemos deve ser medido pela realidade do amor. Tudo por amor, através do amor e con amor.


Nos acreditamos e confiamos no amor de Deus Pai!


Torna-te quem nasceste para ser! Temos de pôr de lado tudo aquilo que nos afasta daquele plano de amor que Deus tem para cada um de nos.


Vençamos o medo com o amor que Deus Pai colocou no coração de cada um de nos e sejamos felizes e livres no meio de um mundo que nos desafia constantemente.  Aprendamos nos também a viver no olho do furacão, na beira do vulcão.



Perguntas para refletir sozinho, em familia ou em grupo:


1 Em que situações e momentos experimento  medo?


2 O que penso eu é a causa do meu medo?


3 Quando sinto medo ou temor compartilho isso com o meu cônjuge? Isso me ajuda?


4 O que acho da proposta expressada no video: o amor pratico e concreto para voltar confiar e vencer o medo?


Pe. Marcelo A.

Assessor Schoenstatt



 


Vida familiar em tempos de crise

 Vida familiar em tempos de crise


Não é surpresa que este tempo de crise mundial de saúde tenha colocado à nossa vida pessoal e familiar um grande desafio.

Vejamos alguns dos aspectos difíceis deste desafio que, paradoxalmente, também traz oportunidades positivas para a vida familiar.


1 Fragilidade


Uma das primeiras experiências é a fragilidade da humanidade.  É como se a nossa existência estivesse num equilíbrio débil e dependente de múltiplos fatores que não podemos dominar ou governar.  Por exemplo, percebemos que a nossa saúde está num equilíbrio muito sensível e que  podemos perdê-la a qualquer momento.  Também a saúde financeira e econômica se tornam instáveis, especialmente quando o emprego se perde ou o salário é drasticamente reduzido, não sabemos por quanto tempo mais.  E as poupanças reservadas para outros fins, têm de ser gastas.  É como estar à mercê de acontecimentos fora do nosso controle.


2 Medo


Outra experiência que nos acompanha é a de sentir medo.  Mas é como um misterioso medo.  É o medo de algo que não vemos e que está à espreita, a rolar pelas nossas cidades, bairros e casas.  Este receio está ligado ao fato de muitas pessoas terem sido infectadas e mortas pelo vírus.  Está também ligada à questão: e se eu contrair a doença do Covid-19 ou alguém da minha família?


3 Impotência


O ser humano que se acreditava o dono absoluto do mundo, colocou o mundo em perigo ao explorá-lo sem limites.  É como se o homem arrogante se tivesse tornado uma ameaça para si próprio.  E agora está impotente perante um inimigo invisível e resigna-se a coexistir com esse inimigo, que o restringirá para sempre ou mesmo lhe tirará a vida. Esta privação, juntamente com a insegurança econômica e de emprego acima referida, pode também ser vista no surgimento de lamentáveis expressões de discriminação social e de negligência dos direitos dos mais vulneráveis.



4 Confinamento e afastamento


Outro aspecto muito relevante que está afetando a nossa vida familiar e social é a realidade, tanto  da quarentena quanto do confinamento e, por outro lado, do distanciamento físico. Ao mesmo tempo que  temos que estar juntos, temos que tentar afastar-nos fisicamente uns dos outros quando estamos fora de casa.  Trata-se, sem dúvida, de uma alteração da nossa forma natural de viver e de nos relacionarmos com os outros.  Esta situação vai durar muito tempo para além da crise atual.  Isto irá mudar radicalmente a forma como nos relacionamos com os outros e com o mundo que nos rodeia.  Esta questão torna-se dramática quando, devido ao isolamento, vemos como as pessoas, especialmente os idosos, doentes e vulneráveis, sofrem de extrema solidão.  É precisamente nestes tempos que é necessário companhia e apoio social para não abandonar aqueles que realmente precisam de mais cuidado, amor e solidariedade.


5 O questionamento de Deus


Também em todo este fenômeno planetário, os críticos de Deus ou de fé fraca emergem com força renovada. E eles perguntam: onde está Deus?  Estará Deus no leme dos acontecimentos da história? Para que serve a fé então?  Neste momento, há um debate infrutífero entre os espiritualistas panteístas que acreditam, que só Deus vencerá miraculosamente a pandemia e, por outro lado, os fatalistas que acusam um Deus ausente, que deixou a humanidade abandonada à sua própria sorte.



Oportunidades e formas de responder aos desafios da crise actual


1 Um tempo para eu refletir, rezar e situar-me concretamente face aos desafios atuais.  


É tempo de me colocar diante de Deus, de reconhecer a minha situação como um ser humano carente e frágil e de pedir a sua companhia, o seu apoio, misericórdia e conforto.


2 Um momento para tomar consciência de quem eu sou e a quem pertenço.  


Precisamos repensar sobre a nossa situação pessoal e avaliar  como vivo individualmente , como é o relacionamento  com os meus entes queridos, sobre quais são as minhas prioridades.  Tenho de mudar as minhas ideias e o meu rumo.  É tempo de rever a minha escala de valores e avaliar o que é importante e ou urgente para mim.  Muitas vezes o stress da vida cotidiana leva-nos em direções indesejadas e perigosas que nos afastam daqueles que mais amamos, do que  me é verdadeiramente  devido e o que é de Deus.  


3 Um tempo para abandonar o individualismo alienante. 


Mais do que nunca, precisamos um do outro. É uma oportunidade de crescer na convicção de que só podemos sair de uma crise como a que estamos  atravessando,  em comunhão, em comunidade, juntos, cada um contribuindo com a sua parte.  Neste ponto, gostaria de salientar alguns elementos importantes para viver em proximidade com outros.  Por exemplo: como é importante poder ouvir o outro e atender às suas necessidades. Ou também aceitar o outro onde quer  que esteja,  com  suas próprias  diferenças. Ou para tentar compreender o outro nos seus medos e ansiedades.  Dar bondade, gentileza e paciência  àqueles que pensam e sentem de forma diferente de mim.  Ou ainda para cuidar amorosamente do outro sem esperar retribuição. Partilhar coisas relevantes com o outro e fazê-lo participar nas coisas que me interessam e que são importantes para mim.  Sem dúvida, este é um momento de dar e receber, de oferecer e de aceitar.


4 Poderíamos resumir que este tempo de crise é uma oportunidade para avançarmos na nossa conversão pessoal e familiar.  


Aqui gostaria de recordar um pouco do nosso Fundador, quando ele pensa no carisma de uma família que se deixa inspirar pela espiritualidade e pedagogia de Schoenstatt.  Em primeiro lugar, o nosso esforço é colocar Deus no centro das nossas vidas.  Quer isto dizer, nada sem Deus.  Nada sem ela, nossa parceira e aliada na Aliança de Amor.  Em segundo lugar, uma família saudável, rica nos seus laços de amor, verdade e justiça.  Por outras palavras, uma família intrinsecamente humana, fundada no amor generoso, paciente e digno.  Em terceiro lugar, uma família missionária que é muito clara sobre o imperativo do Nada Sem Nós da Aliança. É uma família com os seus membros "à saída" com a missão de evangelizar o seu ambiente onde quer que esteja.  Uma família aberta aos desafios da sociedade em que está inserida e vive.  Uma família que conhece e pratica a solidariedade querida por Deus.


5 O apelo a cuidar dos mais pobres e despossuídos com empatia e ajuda concreta. 


Muito tem sido divulgado pelos meios de comunicação social e, nós próprios afirmamos que a pandemia que sofremos nos atinge a todos por igual e não faz qualquer diferença.  O vírus não conhece classes nem ideologias. Sim, é verdade que nos afeta a todos e de alguma forma nos torna iguais, mas os efeitos e as consequências são muito diferentes.   Por exemplo, aqueles que têm  tudo de sobra atravessam a tempestade com menos sacrifícios do que os pobres, para os quais a epidemia é apenas um elemento a mais da dor em que já vivem.


A questão urgente  é saber como chegar aos que mais sofrem e o que faria Cristo ou Maria nesta situação.  Como é que vamos responder?  É verdade que não podemos agora sair  às  ruas para fazer algo inútil.  Mas quando a pandemia passar, qual será a nossa ação concreta?  Ou será que tudo continuará a ser como agora?  Como vamos viver o "Nada sem Ti, Nada sem Nós"?  Esta questão tem de ser respondida com honestidade.


6 Conclusão: O coronavírus será finalmente derrotado pela ciência e pela fé.


Os sinais dos tempos dizem que talvez estejamos perante a possibilidade de um despertar de uma nova consciência planetária, humanitária e ecológica.  Seremos capazes de gerar este milagre de suprema responsabilidade pela criação que é "nossa casa", pensando nas gerações futuras, como ensina o Papa Francisco na sua encíclica "Laudato Si" (2015)?


Por enquanto: Não vamos nos opor a estas duas forças indispensáveis para derrotar o inimigo invisível mas letal. Não. Por um lado, seguiremos todas as indicações das autoridades sanitárias e políticas que querem verdadeiramente salvar vidas e proteger a humanidade.  Apoiaremos todos os esforços da ciência, da tecnologia e do conhecimento humano para derrotar o vírus.  Seremos obedientes.  Por outro lado, vamos, se é o caso, corrigir nossa imagem de Deus e depositar toda a nossa confiança nele e acreditar que o Deus Sábio e Todo Poderoso  está no leme do navio da história.  Rejeitaremos todas as caricaturas "mágicas" de Deus. Abominaremos a existência de um deus volúvel e classista que escolhe quem será salvo e quem será deixado a morrer. Afastemo-nos de uma teocracia primitiva e demos lugar a esse Deus amoroso que, na sua Divina Providência, cuidará de cada um de nós com amor paternal, como  verdadeiros filhos e filhas que somos.


A fé nesse Deus misericordioso e justo dar-nos-á a energia necessária para ultrapassarmos esta crise.  Essa fé que confia no Deus da história, nos dará a inteligência para discernir o que fazer e como agir no tempo que se avizinha.  Esta fé filial tornará possível uma fidelidade comprovada, segura e dupla: fidelidade a Deus e fidelidade ao homem e à criação que o próprio Criador colocou nas nossas mãos.


Acreditamos que esse é um tempo especial para tentar construir um novo Brasil como uma nova terra Mariana.


Pe. Marcelo A.

Assessor Schoenstatt